O fator temperatura do pneu

Foi um fim de semana para se recordar tudo de bom e o que incomoda em uma cobertura em autódromo. Voltando depois de alguns anos a freqüentar esse ambiente que, pra mim já deixou de ser hostil tem muito tempo, me senti bem em casa. Antes de falar sobre a corrida, quero dar os parabéns a organização de imprensa, algo impecável e que conheci apenas fora do Brasil ou na Fórmula 1, evento maior em proporção mas muito menor em abertura de espaço para os profissionais da área. Sem querer ser injusto, não vou citar nomes mas sim engrandecer aqueles que trabalham pra XYZ, vocês estão de parabéns!

Nessa festa que foi a etapa da Indy em São Paulo, pude abraçar novos e velhos amigos, dei a mão a quem considero mais ou menos e cumprimentei novos companheiros e leitores da coluna. A grande confusão da etapa ficou para a organização que mistura muito público a jornalistas, coisa de americano e povo educado, mas que não funciona no Brasil, aqui pra jornalista trabalhar tem que tirar uns 50 papagaios de pirata da frente. Mas é o que temos para o momento, então, pau na obra!

E essa obra começou em ritmo acelerado. A corrida aconteceu sob a ameaça de chuva, um terrível inimigo que pairou nas últimas edições e fez todo mundo ficar de cabelos em pé. Ela não veio e possibilitou uma sensacional disputa nas ruas no começo da prova até começarem as bandeiras amarelas. Aí a coisa ficou mais complicada por falta de experiência de todo mundo. Como as outras etapas aconteceram debaixo d água, ninguém havia sabia realmente o que aconteceria com os pneus quando baixassem a temperatura. Deu no que deu, após algumas voltas com a natural baixa da temperatura a aderência foi realmente pro saco. As re-largadas se transformaram numa confusão sem tamanho, era um tal de fritar borracha no fim da reta que mais parecia São Paulo na hora do rush. Com isso, muita gente se estrepou e acabou ficando pelo caminho. Apenas um adendo sobre o rush nas cidades brasileiras: a ANFAVEA divulgou os dados do mês de abril, que foi o melhor dos últimos anos, com um aumento de 17% na produção e 8,2% na comercialização de autoveículos, por aí se vê o tamanho do rush!

Voltando à corrida, o detalhe triste dessa edição foi o descaso das equipes com os brasileiros. A Bia quase não larga por causa do alternador, deu algumas voltas e abandonou. O Helinho, por conta da tática confusa e dos azares na pista nas re-largadas acabou ficando se embananando e ficando fora da disputa pela vitória, teve mais sorte que o Tony, esse sim sentado em uma cadeira elétrica com a mão machucada. Numa corrida sensacional, ele vinha brigando pelas primeiras posições quando, de repente, acabou o etanol. Gente, século 21, computador até em relógio e neguinho erra na conta do combustível? O computador de bordo do meu carro e o ponteirinho do painel nunca me deixaram na mão, agora, num carro de corrida e uma equipe que quer ser grande, é inacreditável! O resultado dessa bagunça foi chegar 3 voltas atrás e chorar muito nos boxes.

O que salvou essa decepção foi a corridaça do Takuma Sato. O japa tomou conta da prova depois da metade e, infelizmente, acabou perdendo na última curva da última volta para o Hinchcliffe, que estava, lógico, com pneus melhores. Ótima prova, excelente corrida, fim de semana que valeu muito apena ficar longe do conforto de casa, que venham muitas outras.

Outras corridas sensacionais devem ser também na MotoGP. A etapa de Jerez é para as motos o que Barcelona é para os carros, todos treinam e conhecem a pista, nos mínimos detalhes, portanto, surpresa não existe por lá. Foram mais de 110 mil pessoas assistindo aquela que foi seguramente a mais polêmica disputa do ano. Nesse pega para capar finalmente o garoto enxaqueca Dani Pedrosa venceu com folga, deixando a confusão pro Mark Marques, que, na última curva da última volta tomou a posição do Lorenzo dando um baita chega pra lá meio que na safadeza, e bem no lugar onde agora o Jorge dá o nome à curva do circuito. Virou polêmica, o Mark quis conversar, mas não teve papo. É legal ver essas disputas, mas acho que o Marques pintou com cores muito fortes esse quadro, deveria ter sido mais sutil como foi o Valentino em 2005, no mesmo lugar, contra o Sete Gibernau, mas enfim, aos perdedores as batatas.

Eu volto na semana que vem pra falar do GP de Barcelona da Fórmula 1, pista que todo mundo conhece e que não deve ser surpresa se o Vettel ganhar de novo.

A gente se encontra na semana que vem!

Beijos & queijos

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