Durante anos, o automobilismo brasileiro foi o maior celeiro de pilotos de altíssimo nível para todas as categorias do esporte a motor mundial. Não só pelos que chegaram à Fórmula Um, como Emerson Fittipaldi, José Carlos Pace, Nelson Piquet, Ayrton Senna, Rubens Barrichello e mais recentemente, Felipe Massa, mas por muitos que não chegaram à categoria máxima, mas que, além de terem condições técnicas, muitas vezes eram até melhores do que os que lá estavam. Faltava de dinheiro, orientação, contatos e até “bancos” disponíveis para sentar. E podem acreditar, não faltam exemplos. É que muitas vezes, não chega ao conhecimento do torcedor, afinal não gera mídia. Alguns, na falta de oportunidade na Europa, seguem para os Estados Unidos, onde o automobilismo não tinha, e não tem, a mesma expressão da Europa, mas havia oportunidades. Isso nos anos 70, 80 e 90. As vitórias e os campeonatos dos pilotos brasileiros na Fórmula Um, motivavam a chegada de novos pilotos e lotavam as pistas de todo o Brasil. Mais talentos iam aparecendo. E o mais importante: tinha onde esses promissores pilotos, desenvolverem suas habilidades. Tínhamos Fórmula Ford, talvez a maior escola de todos os tempos, juntamente com o kartismo, Formula Vê, Super Vê com motor Volkswagen, Fórmula Fiat, Fórmula Chevrolet, Fórmula Renault, Fórmula três, Fórmula Dois, etc. O que forma pilotos de qualidade, é as categorias de monopostos, popularmente conhecidas por fórmulas. O garoto saia do kart e ia para a Fórmula Ford, Fórmula Chevrolet, Fórmula Três e chegavam à Europa com experiência para enfrentar qualquer piloto e pela genética, normalmente levavam vantagem.
Os dirigentes brasileiros, simplesmente deixaram que tudo isso fosse por água abaixo. Uma verdadeira vergonha. Era fácil entregar para terceiros as competições e apenas receber os dividendos. Categorias de turismo são bonitas e emocionam os torcedores, mas não formam pilotos. Essa é a pura verdade. Vejam se tem algum piloto na Fórmula Um que saiu de um carro de turismo?
Agora, numa parceria entre a Fiat Automóveis e a família do Felipe Massa, surge finalmente um campeonato, o Racing Festival, com algo “novo” e que é uma luz no fim do túnel. Novo porque há muitos anos o automobilismo estava se arrastando e “matando” talentos. O espetáculo consiste num único dia, as mais diversas atrações para o público. Tem uma competição de belas e velozes motocicletas, uma categoria de turismo fantástica e bonita, com carros Fiat Línea muito bem preparados, e uma de monopostos, a Fórmula Future, também com motor Fiat/FTP. Esta, ainda engatinhando, mas pode ser a salvação do automobilismo brasileiro no exterior.
O evento é genial, organizado e que, aos poucos, vai cativando os amantes do automobilismo e atraindo publico. Ainda precisa de alguns ajustes, como o tempo de duração e custos, mas o caminho está aberto e certíssimo. É emocionante ver uma gigante como a Fiat Automóveis se preocupar com o automobilismo brasileiro e, juntamente com a RM Eventos (empresa dos Massa), acreditar que nos frutos que o automobilismo pode gerar: um dos mais altos retornos publicitários, marketing de relacionamento e criação de novos talentos. Desde os bons tempos da Formula Ford e Corcel/Escort e das Formula Fiat e Uno/Palio, nada chegava com tanto conteúdo.
Realmente o futuro
Para o os vencedores da Fórmula Future, uma vaga na academia de jovens talentos da Scuderia Ferrari e uma vaga no Campeonato Italiano da Fórmula Abarth. Para quem está iniciando uma carreira internacional, uma temporada de graça e bem disputada no Campeonato Italiano de Fórmula Abarth, é garantia de seqüência na carreira. Pode até não ter tanta pompa como a Academia Ferrari, mas abre portas para uma carreira brilhante. Após alguns anos no kart, categoria que realmente ensina a pilotar, uma ou duas temporadas bem feitas de Fórmula Future, credencia qualquer piloto a se aventurar no automobilismo mundial. Antes, é loucura, suicídio. Sem isso, vai morrer na praia, por mais dinheiro que disponha. É um salto muito grande e vai enfrentar pilotos onde há um automobilismo responsável e que tem categorias para formar e desenvolver pilotos.
Vale destacar que, categorias como a, Porsche Cup, Mini, GT3 Brasil, Trofeo Maserati e a Stock Car, esta última, sem duvida a mais importante do automobilismo nacional, são muito importantes, mas não vão gerar nunca um campeão mundial de Fórmula Um.