No primeiro ano da década de 50, a empresa automotiva francesa Renault se tornou estatal, após a crise gerada pela Segunda Guerra Mundial e era necessário um modelo novo que emploga-se o consumidor. Após pesquisas com clientes, a marca chegou a alguns tópicos, como preço, a economia de combustível e o espaço interno. Desempenho não estava entre elas. Poderia ter desempenho em torno de 110 km/h. Anotadas as vontades dos consumidores, a fabricante partiu para a seguinte missão: um carro que atinja máxima de 115 km/h, quatro lugares, confortável e consumo médio de 14 km/l. Surgia o projeto R1090, que foi apresentado no inicio de março de 1956, no Palácio de Chaillot, em Paris. O nome definitivo: Dauphine. Ao publico foi mostrado no Salão de Genebra, na Suíça.
Tendo como base o modelo de luxo da marca Frégate, o Dauphine era um sedan pequeno, menos de quatro metros, quatro portas, linhas curvas e alegres.
Os faróis eram redondos e as lanternas traseiras minúsculas. Como o motor era traseiro, não tinha grade na frente o que o deixava mais elegante. O motor tinha 845 cm³, quatro cilindros, comando no bloco, refrigeração a água e produzia 27 cv a 4.000 rpm e o torque máximo de 6,7 m.kgf. O câmbio era de três marchas e tração traseira. Como a primeira marcha não era sincronizada, o engate era complicado.
O mais importante: cumpria as metas estabelecidas pela fabricante e solicitadas pelos clientes: velocidade de 115 km/h, e precisava de 30 segundos para ir de 0 a 100 km/h. E o consumo melhor que o que era a determinação inicial. Logo o carro se tornou um sucesso em toda a Europa.
Com denominação de Dauphine R1094, surgia em 1964 a primeira evolução do modelo e uma versão com freios a disco nas quatro rodas e câmbio automático, destinado principalmente para o mercado norte americano. Em 1965, chega o câmbio sincronizado. Depois de mais de dois milhões de unidades produzidas, no final de 1967 o Dauphine/Gordini deixava de ser produzido, sendo substituído pelo R 8 e R10.
Amédée Gordini era um profissional que sempre esteve ligado à Renault. Fez vários carros de competição utilizando o motor da fabricante francesa e melhorava os carros de linha da marca que eram vendidos nas concessionárias normalmente. Com o Dauphine foi a mesma coisa. Com uma taxa de compressão e carburador maiores, Gordini aumentou a potencia do carro para quase 38 cavalos e adicionou a quarta marcha ao modelo. Em dois anos depois o Renault Gordini ganhou um acabamento mais requintado e bancos mais confortáveis. Dois anos depois recebia melhor acabamento e bancos mais largos. Pneus com faixa branca, pintura saia/blusa e teto solar de lona.
Para a época, o Gordini era considerado um carro com apelo esportivo. Com nova preparação, Gordini conseguiu aumentar em 1962 para 49 cavalos a potencia do motor e posteriormente para 58. O carro tinha respostas bravas o velocímetro marcava 180 quilômetros por hora, mesmo longe de atingir isso.
No Brasil
Fundada em abril de 1952, a Willis-Overland foi montada no Brasil para produzir com componentes vindos do EUA, o Jeep. Em 1958, após investimentos de US$ 12 milhões, a marca no Brasil, obtinha a concessão da marca francesa e começou a construir o Dauphine. O modelo teve o lançamento oficial em Outubro de 1958. Chegava para competir com o DKW-Vemag e com o Volkswagen 1300, como era nos demais mercados. Com poucas alterações, o modelo brasileiro era exatamente igual ao modelo frances. Mesmo sem ser nenhum primor, era muito melhor que o DKW e o Fusca.
Adquirida pela Ford Motor Company Brasil, em 1967, o Dauphine/Gordini deixava de ser produzido, dando lugar ao Ford Corcel, que também era um derivado do Renault R12 que a Willis-Overland preparava para lançar no Brasil e foi continuado pela marca americana com outro nome. Foram produzidas 74.627 unidades.
No mundo inteiro, o Gordini foi uma referencia nas competições. De rally a pista, foi um modelo vencedor. No Brasil, as vitorias começaram em 1962, Chico Landi e Toni Bianco venceram o Festival de Recordes em Interlagos e no circuito de Araraquara. Alguns meses depois, outro Gordini venceria o Quilometro de Arrancada, no Rio de Janeiro. Novamente a dupla chega em quinto lugar na classificação geral, nos 500 Quilômetros de Interlagos. No mesmo ano, a equipe de Luiz Antonio Grecco, consegue o primeiro lugar na categoria e terceiro na geral, na prova das 500 Milhas de Porto Alegre. Isso contra carros muito mais potentes e de renome, já que na época a importação era liberada. As boas colocações surgiam a cada etapa disputada pelos pilotos em todo o Brasil. As primeiras vitorias do maior piloto do Brasil, Emerson Fittipaldi foram a bordo de um Gordini R1093 da equipe de Luiz Antonio Grecco. Pilotos como Luiz Antônio Greco, Eduardo Scuracchio, Christian Heins, Wilson Fittipaldi Jr. e Francisco Lameirão, também venceram pilotando o pequeno francês. Em 1965, a dupla Luiz Pereira Bueno e José Carlos Pace venceram a 1.600 Quilômetros de Interlagos.
Curiosidade
Seu nome era a forma feminina para Dauphin, um título feudal francês. Historiadores confirmam que o nome escolhido pela marca Renault para o futuro pequeno brilhante sedan francês, era Corvette, mas a GM americana se antecipou e lançou o seu esportivo.