Coluna “De carro por aí” – Roberto Nasser


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Coluna 4414         30.Outubro.2014                   

Salão, presente, lançamentos futuros.

750.000 previstos e desejados visitantes à 28ª edição do Salão do Automóvel, – Anhembi, S. Paulo, até domingo, 09.nov – terão muito do comum a ver: centenas de automóveis, construções menores, decoração contida, mais espaço para os veículos – menor fartura de material promocional. E moças bonitas fazendo caras e bocas. Não encontrarão a turma ? grei ? horda ? credenciada como jornalistas, lotando o espaço na prévia de imprensa. Nunca pensei, neste mundo de Allah, haver tantos jornalistas no tema automóvel. Não devem ser, por volume ou totalidade. Fossem, seus clamores teriam promovido melhores automóveis, estradas, respeito aos consumidores.

Há muitos atrativos em meio à grande festa bi anual. Novidades? Nos 85.000 m2 quadrados de área, coisas novas, destas, poucas. A maioria das 28 marcas de automóveis instaladas no Brasil, e as poucas importadoras, estavam em situação comum: ou recém apresentaram os futuros produtos, ou exibem no Salão, na mesma medida temporal, os próximos lançamentos.

Na prática

Das muitas promessas, três serão factíveis até o final do primeiro semestre do ano próximo: Jeep Renegade; Honda HR-V; Peugeot 2008. Mercedes e Audi nacionais, 2016.

O Renegade renasce a Jeep no Brasil, no mesmo Pernambuco onde a Willys-Overland, titular da marca e guardiã da lenda, operou há quase meio século. Em Goiana, espaço industrial da nova marca FCA, sairão produtos Jeep, Fiat, Dodge – e talvez Alfa Romeo. É projeto mundial e, como a Coluna já descreveu, o menor dos Jeeps. Tem o DNA estético Fiat, arrematado com a icônica grade de nove rasgos. Bem desenvolvido, ajustado em suspensão, direção e freios pela divisão Fiat, quer atender a largo leque de clientes. Da motorista buscando veículo prático para resistir às desrespeitosas ruas, ao usuário intensivo, e os necessitados de uma ferramenta valente, reagindo às dificuldades passando sobre elas. Três versões: Sport, Longitude e Trailhawk, atestada como hábil em vencer obstáculos. Dois motores, 1.8 EtorquE e diesel, turbo, 2.0 litros e 170 cv. Câmbios mecânico de cinco marchas, automáticos com seis, e nove! Motor diesel, moderno, italiano, opção em todas as versões dotadas de tração nas 4 rodas e marcha reduzida. Dependendo do preço terá muito sucesso.

Foto Legenda 01
Jipe Renegade Trailhawk

Honda HR-V surgirá no mesmo período, no primeiro semestre. É bem formulada mescla de traços de cupê e utilitário esportivo, com o teto em descida suave após o banco traseiro. Oferece boa habitabilidade, linhas atrativas, motor 1.8 sobre a nova plataforma de Fit e City.

Foto Legenda 02

Honda HR-V

 

Peugeot 2008 surgirá no fim do primeiro semestre de 2015. Maior capacidade de bem receber os usuários, em plataforma do Peugeot 208.

Foto Legenda 03

Peugeot 2008

 

Visão

Quem conseguir enxergar pelo enevoado caminho do futuro, verá no picape Oroch mostrado pela Renault, o próximo picape Duster em cabine simples e dupla, a surgir em 2015. Mesma capacidade, para o objeto de pesquisa chamado Kick’s, pela Nissan – leia abaixo. E, exigência exponencial, o grande cupê FCC4 esconde a plataforma do picapão ou Stradão, próximo produto da marca Fiat na fábrica da FCA em Goiana, Pe.

Mais

Marcas frequentando o segmento Premium das maiores vendas – Audi, BMW, Ford, Mercedes -, lá estão. Ford implementou o sistema de navegação e aplicou cintos de segurança infláveis no Fusion. Audi insiste em seu achado, o A3 sedan 1.4, fórmula melhor aviada, e abre o portfólio com novo TT e modelos RS. BMW, com nova fábrica catarinense, aposta nos importados da Série 2, o Active Tourer, com tração dianteira, e nos X: 4, mescla de sedã e crossover; 5 e 6. Mercedes, com renovação de linha, com o Classe C e o pequeno SUV GLA, recém apresentado e com fila de espera. O super esportivo AMG GT enche os olhos, instiga o espírito. Volkswagen quer entrar na turma dos premium de primeiro degrau com o novo Jetta, a ser montado no Brasil início de 2015.

Foto Legenda 04
Novo Jetta

 

No geral, série especial For You, em 5.000 unidades do Hyundai HB20.

Jaguar Land Rover anunciou o produto inicial da futura fábrica em Itatiaia, RJ: o novo Discovery Sport. Coisa distante. Pedra fundamental em dezembro. Expôs, também, o seu menor sedã, o XE. Vendas e preço desconhecidos – na Inglaterra o mesmo de BMW serie 3.

Kia indicou lançar 3ª geração do SUV Sorento. Carroceria maior em comprimento e largura, menor em altura, três ou cinco lugares, motorizações de 2.4 litros e 171 cv, e V6, 3.3 litros e 270 cv. Produto adicional, o Carnival recém melhorado. 8 lugares, e o motor V6 opcional do Sorento. Vendas em março. Executivos coreanos da Kia sorriram muito, mas não falaram em fábrica nacional.

Nissan levou o sedã New Versa – construi-lo-á em Rezende, RJ, no primeiro trimestre de 2015.

Não veja o conceito Kick’s, linhas atléticas – e não musculosas – como explicou Shiro Nakamura, VP mundial de design, como veículo para pesquisa. Olhe-o direito e entenda, mercado para os SAVs – Sport Athletic Vehicles – em franca decolagem, plataforma do Versa, está ali como pré apresentação. O Kick’s, nome registrado, terá produção local.

Foto Legenda 05

Nissan Kick’s. Não é pesquisa, será produzido aqui

 

Para Subaru verdadeira novidade do ano, além dos elaborados e infernais sedãs WRX e WRX STI, com 268 e 305 cv, desenvolvidos e aprimorados em rallyes e corridas, é a definição pelo Grupo CAOA de melhor ocupar o mercado brasileiro. Automóveis de qualidade, não são bem explorados. Antônio Maciel Neto, agora presidente da operação, diz ser para valer.

Outra marca alavancando posições para alavancar sua posição é a Suzuki, A operação de montagem em Catalão, Go, vê a expansão de vendas do jipinho Jimny, e novos produtos nos revendedores: pequeno sedã Swift Sport; versão do Vitara esportivada localmente; e, a grande cartada, o S Cross.

Tecnologia moderna de intensa redução de peso pelo uso de chapas estampadas a quente, motor 1.6 litro permite bons resultados em operação e economia, linhas sugerem inspiração em cruza de sedã com crossover. Transmissão revolucionária percebendo a necessidade do uso de tração total, a depender do preço será um sucesso de vendas.

Volkswagen retocou a linha, criou versões, importa a nova edição R dos Touareg. Atração objetiva, o novo Jetta, requerendo passaporte brasileiro.

Outro olhar

Inimaginável há 10 anos carros chineses no Brasil. Menos ainda feitos aqui. Mas a realidade mudou, e o Salão mostra isto. Na JAC ampla relação de modelos, exceto o futuro automóvel a ser feito na fábrica da Bahia, ainda em projeto final. Mas quer preencher o mercado com dois SUV: T6, do tamanho do Duster, e T5, regulando com o EcoSport.

Geely busca formar rede, para distribuir o SUV EX7, a ser produzido no Uruguai. Além deste ajuste industrial, chineses da marca estiveram no Salão instigando José Luiz Gandini, controlador da marca no Brasil a implantar fábrica local.

Outra, a Chery, com fábrica pronta para motores e automóveis, em lerdo deslanchar com produto inicial, o Celler, e outro, ora importado e futuro nacional, o novo QQ.

Arrematando a presença chinesa, a Lifan expõe recém lançado sedã 530, pequeno picape Foison, e X50 SUV urbano montados em Montevidéu.

Por aí

Visitante observador perceberá no Salão as dúvidas a impactar o setor e o empresariado brasileiro sobre a falta de direcionamento político, econômico e diplomático na atual quadra, e a certeza de números mornos no primeiro semestre de 2015. Com mercado contraído por condições internas, dificuldades de exportação, sem acordos comerciais com países extra Mercosul, e a lentidão proposital destes nos processos de importação e pagamento, o Salão é o reflexo desta quadra sem maiores perspectivas.

Não houve, porque não há, nenhum fabricante brasileiro, prova da falta de política especializada para o setor. Uma vergonha, mercado com tal potencial não ter conseguido desenvolver e manter uma marca nacional, e rotulando o país apenas como bom adaptador – quando as montadoras permitem – de projetos estrangeiros.

Perceberá também a presença de inúmeros veículos elétricos. A indefinição oficial quanto ao setor, isenta parte do super imposto de proteção alfandegária apenas os híbridos geradores de sua própria energia.

Melhor discurso dentre as dezenas nas compactadas 28 apresentações, foi de Cledorvino Belini, presidente da Fiat na América do Sul, ao exortar a união no período pós eleitoral.

A FCA perdeu a oportunidade de colocar um Jeep de 1942, ao lado do novo Renegade. A especialidade e o caminho do 4×4 começaram ali, há mais de 70 anos.

Do governo federal, sem estande ou festa merecida, executivos públicos do Inmetro premiavam as indústrias com veículos indicando ganhos na redução de consumo. Há 30 anos grupo de engenheiros do governo tenta convencer o próprio governo da necessidade do estabelecer regras, parâmetros e aferições para a redução de consumo através de uma medição padrão. O programa anda, lenta e exitosamente, apesar de marcas, como a GM, se negar a permitir avaliar seus produtos.

Mudança tecnológica com os chineses, sempre em grupo, fotografando detalhes imperceptíveis dos veículos. Neste ano trouxeram carrinho elétrico com filmadora, passando-o sob os carros expostos para ver detalhes alheios.

O calor está menos inclemente com a implantação de sistema de umidificação.

Ausência, e parece definitiva, o velho vendedor de uvas carameladas, destaque na alimentação sem destaque havida na mostra.

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Automóvel no Brasil começou com a Peugeot

Em nosso país, o primeiro veículo capaz de andar por seus próprios meios, em época quando não havia, sequer, um termo para descrever tal artefato ou capacidade, foi o Peugeot comprado por Alberto Santos-Dumont, um Typ 3, comprado na fábrica. Aqui chegou em 1891 pelo vapor Portugal, desembarcando em Santos, SP.

Com a volta de Alberto à França no desenvolver seus projetos que se transformariam em aviões, ficou imóvel na casa da família, à rua Helvetia, em S Paulo.

Henrique, irmão de Alberto, encomendou a este gerenciasse a produção de uma unidade. A encomenda, de 1896, foi entregue em 1897. Foi o primeiro proprietário a reclamar de taxa criada pela Prefeitura. Engenheiro, entendia, o governo não podia cobrar taxa sobre veículos, se não oferecia ruas sem buracos para seu uso. Perdeu.

O Peugeot de Alberto gerou outros registros: foi, durante cinco anos, o primeiro e único automóvel no Brasil; primeiro na América Latina; representou a compra de metade da produção da Peugeot em 1890. Estatisticamente transformou a Peugeot em líder absoluta do mercado brasileiro, e publicitariamente na marca preferida por 100% dos consumidores. Há mais, para outra história.

Foto Legenda 06

Santos-Dumont e seu Peugeot, primeiro automóvel na América Latina

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