Coluna 4714 – 19.Novembro .2014
Ford investe na base: Ka e Ka+
Em esforço para manter e tentar expandir sua participação em torno de 9% e o quarto lugar no mercado, em meio à intensa concorrência, Ford mudou toda a linha de produtos, atualizando-a com veículos de produção mundial. Dois tiveram o Brasil como base de desenvolvimento: o EcoSport e o Novo Ka.
O Novo Ka participa do segmento mais competitivo do mercado, onde 60% das vendas é de compactos – até outubro 1,7M vendidos. A família de entrada é formada por hatch 1.0 e 1.5, sedã dito Ka+ 1.0 e 1.5, motores novos, 1.0 três cilindros, bloco em ferro, capaz de receber turbo alimentador, e 1.5, quatro cilindros, inteiramente em alumínio. Ambos com dois comandos de válvulas, com abertura e fechamento variáveis.
Lançado em agosto, vendas do 1.0 hatch surpreenderam a Ford: ascendentes 17.000 em setembro e outubro. Além da boa formulação, para diferenciá-los na ingente disputa, tem diferencial consumo atestado por Inmetro/Conpet, órgãos federais, no Padrão A, dos mais econômicos. Preço e conteúdo ajudam. Ka+ 1.0, o sedã, R$ 37.890 para a versão SE, de entrada.
Agradável no andar, a combinação do motor 1.0, mais potente da categoria, 80 cv com gasálcool e 85 cv com álcool, agregado a câmbio mecânico de 5 marchas bem adequadas, surpreendem em rendimento e disposição. Pela medida oficial, na cidade é capaz de fazer 8,9 km/l com álcool, 13 km/l com gasálcool. Na estrada respectivos 14 e 15,1 km/l. Em comum os novos produtos tem a partida a frio eletrônica, desprezando o jurássico tanquinho, os comandos variáveis e o sistema de refrigeração em dois estágios – para o cabeçote e o bloco, para otimizar o funcionamento e reduzir consumo. Dirigi-lo é agradável em posição, espaço interno. Como sedã manca no porta malas: tem pouca abertura.
A versão de entrada não flerta com a pobreza. Tem ar-condicionado, direção, vidros dianteiros, e travas elétricas. Conforto e segurança por som MyConnection, rádio AM/FM, USB, Bluetooth e MyFord Dock, dois airbag duplo, freios ABS com EBD e CBC, limpador e desembaçador traseiro, ajuste de altura da coluna de direção, indicador de troca de marcha e abertura elétrica do porta-malas. Bem composto.
Por mais R$ 2 mil,vidros elétricos traseiros, sistema de conectividade SYNC, com rádio, CD e MP3-player com Bluetooth, controles no volante, comandos de voz para celular e áudio, leitor de SMS e download automático da agenda de telefones, AppLink para acesso a aplicativos do celular, e Assistência de Emergência – sistema de chamar automaticamente número 192, do SAMU, em caso de acidente com acionamento dos airbags ou do corte de combustível do veículo. Se, e como o SAMU agirá, é caso extra Ford.
Na versão SEL, R$ 42.490, controle eletrônico de estabilidade e tração, assistente de partida em rampas, rodas de liga leve de 15 polegadas e pneus 195/55 R15, faróis de neblina, computador de bordo, alarme volumétrico, ajuste de altura do banco do motorista, grade dianteira com aplique cromado e lanternas traseiras escurecidas.
Mercado
Há câmbio automático ? automatizado, CVT ? Não. Razões comerciais. A Ford aplica uma só plataforma para construir duas famílias de veículos – EcoSport, New Fiesta e Novo Ka. Assim, sofreia a inclusão de tais itens para evitar ascensão dos preços, fazendo Ka concorrer com Fiesta.
Oswaldo Ramos, gerente geral de Marketing da Ford, hábil em números e produtos entende, o conteúdo garantirá boa performance aos produtos boa e ao projeto da marca.
Fords Ka e Ka+
O abstrato número zero
Previsões gerais de executivos da indústria automobilística acordam num ponto: produção e vendas em 2015 deverão ser idênticas às de 2014. Em torno de 3,6M unidades. Crescimento Zero.
Interessante por ser avaliação comum e coincidente entre tais profissionais, de tantos fabricantes, montadoras e importadoras, contrariando a experiência do convívio com eles, sempre em números discrepantes. Como exemplo, há 20 anos, no Salão do Automóvel, após ouvir todos os representantes da área comercial de todas as fabricantes de automóveis, somei as projeções e achei espaventoso crescimento de 40% sobre o quantum projetado para 1994: 1,581M. Exercício seguinte mostrou 1,629M, pífios 3% – muito distante dos 40%.
Opiniões coincidentes no setor tocam o alarme.
Cenário destes dias indica, no macro plano federal os fatos econômicos muito lembram a atração chamada Trem Fantasma nos parques de diversões: tudo é escuro e a cada curva, um susto. Questão é, os dias nacionais nada tem de brinquedo, horripilando aos pagantes de impostos, empregados ou empregadores, investidores em ações, poupadores em dólar e pagadores de contas – dólar disparando; intervenções do BC gastando reservas sem conseguir segurá-lo; perspectiva de crescimento pouco acima do zero; queda de emprego; o escândalo do Petrolão, capaz de nos infligir vergonha imerecida, a Presidente processada no exterior, toda a complicação institucional interna daí gerada, e a insegurança quanto aos investimentos externos. Ante tal somatório, fiz-me convidado impertinente em ameno jantar semana passada.
Hotel formidável, espaço privado, refeição cuidada, escoltada por Malbec de safra e origem, sete jornalistas especializados tidos como do primeiro time, eu, e o anfitrião, diretor de fabricante de veículos, escolado, boa quilometragem na estrada, carreira para levá-lo à presidência de subsidiária.
Pedi licença para escapar das considerações sobre produto, tema do jantar, e perguntei qual a base numérica empregada pela indústria para anunciar, em uníssono, por todas as fontes acreditadas, um idêntico número, o zero, para o crescimento da atividade para o próximo ano.
Ouvimos resposta aritmeticamente simplória: o crescimento anunciado como zero se dá unicamente pela absoluta falta de informações quanto à economia, regente dos números e do comportamento para o próximo governo. Nada se pode projetar sem saber quem serão os ainda não anunciados novos ministros condutores da economia e, obviamente, seus projetos.
Conclusão, o zero é de honesta aritmética ante a falta de balizamento sobre o futuro próximo. Não é um número, mas apenas abstração.
É o recado do quinto mercado mundial na especialidade. Acredite se quiser.
Roda-a-Roda
Futuro – Comunicado de reunião entre o governo argentino e montadoras com planos de inversão no país indicam novidades ao consumidor brasileiro. Curioso ? Não. A base dos blocos comerciais, como o Mercosul, é de sinergia, troca de competências, complementaridade dos processos e insumos industriais.
Processo – No projeto argentino, com alguma similitude ao nosso Inovar-Auto, visando atrair investimentos, aumentar ou implantar novas unidades fabris, ampliar o uso de componentes locais e fomentar exportações, governo faz marcação cerrada: reuniões mensais para cobrar providências e cronograma.
Então – A reunião comandada pelos ministros Axel Kicillof, Fazenda, e Débora Giorgi, Indústria, exibe as seguintes novidades para contratados investimentos de USD$ 1,9B:
GM – aumento de capacidade fabril para o Projeto Fênix, e fábrica de motores, ambos visando exportar ao Brasil;
Toyota – Incremento na produção para o novo modelo do picape Hilux, passando a abastecer a América Latina;
Honda – Fazer o novo sav HR-V nas instalações de Zarate, a 100 km de Buenos Aires (como a Coluna adiantou);
Mercedes – Providências para produzir o Vito, van media para passageiros e carga (Coluna antecipou, assim como o usar sua base para picape );
Ford – Re estilização no Focus (ganhará grade no estilo Aston Martin, atual assinatura estético frontal da marca), e no picape Ranger. 2o semestre 2015.
No pé – Como em país sem filosofia operacional e gestão desgovernada, a Argentina criou adicional de imposto interno para veículos não considerados de trabalho – na base fere os utilitários e modelos para serviço.
P’ra Fora – Joachim Maier, presidente da Mercedes-Benz Argentina, disse na Automechanika, feira de auto peças em Buenos Aires, se a posição fiscal não mudar, a produção do Vito será exclusiva à exportação.
Razão – O governo argentino não o classifica como comercial e assim, em preço disparatado, pequenas vendas internas não justificam montar estrutura assistencial no país. Outros veículos assemelhados são assim classificados. A aprovação do projeto é anterior à mudança tributária.
II – Frear iniciativas do capital é espantá-lo, e dizer desaforo a dinheiro na atual situação de contas na Argentina, é de pouco senso.
Mercedes Vito. Imposto adicional limita-o a exportações
Sinergia – Nova empresa, Mercedes-AMG, assumiu 25% das ações e lugar na diretoria da MV Agusta, italiana de motos. Não haverão motos Mercedes, mas tocada pela necessidade de reduzir consumo e emissões, busca-se baixar peso. Fabricantes de moto são recordistas na relação entre peso de motor e potencia produzida. Como a VW fez com a Ducati, associou-se, pagando para aprender.
MV Agusta e Mercedes. Sinergia.
Caminho – A grande conquista tecnológica obtida pela Shell, abandonando o petróleo bruto pelo vapor do gás natural, mais limpo, para obter o óleo básico, permeia a todos os seus lubrificantes de veículos. Na linha Helix Ultra with PurePlus representa entre 75% e 90% do conteúdo.
Cautela – Previsão de falta de energia ou disparar de seu custo preocupa a indústria automobilística. Pela falta pode cessar produção. Pelo fornecimento, ter preço elevado, repassado aos veículos, reduzindo vendas.
Saída – Duas fabricantes miraram na direção de reduzir sua dependência: VW construiu duas usinas hidroelétricas em SP, e Honda inaugura parque de geração eólica no RS. Ter negócio no Brasil e depender da estrutura pública é emocionante.
Questão – General Motors pediu o prédio cedido ao funcionamento do Clube de seus colaboradores. O imóvel é fora da fábrica e nele operam o espaço recreativo, e parte da área de engenharia de desenvolvimento. GM venderá espaço à especulação imobiliária.
Perguntada, a GM não se manifestou.
Como – Funcionários protestarão em forma de passeata dia 26.novembro, às 10h, do Clube até o portão 1 da sede da GM. Objetivam pressionar a GM para rever sua decisão – na prática acaba com o clube. Mais 011 972-161-818.
Razão – Há quatro anos, dentre os fatores considerados na compra de veículo, forma de financiamento vinha em 6o lugar. Agora, diz pesquisa do Mercado Livre Classificados, subiu para o terceiro. Estado de conservação e preço lideram.
Desenho – Exibe outros comportamentos do comprador: 97% consulta a Internet; após, 81% procura rede concessionária; 76%, vendedores de usados; 62% dos pesquisados pretende trocar ou comprar carro no prazo de um ano.
Investimento – Início do mês, leilão da francesa Artcurial, o Paris VII Sur Les Champs 2014 surpreendeu por lotes arrematados acima do teto sempre generoso em avaliação.
Europeus – Aston Martin DB 5 arranhou o milhão de euros (E 955.400), acima de R$ 3,3M); Porsche Carrera 2.7 Targa de 1974 cravou E 232.400, uns R$ 700 mil; e 911 2.4S Targa de 1971, E 212.200 – +- R$ 650 mil. Recordes mundiais.
Negócio – Jaguar MKII, 1961, mudou de dono por E 57.200, uns R$ 180 mil. Pouco. No Brasil valem mais.
Estadunidenses alavancaram valor dos antigos como investimento, e movimento mundial pelo colecionismo de automóveis. Como a frota disponível é inferior ao número de interessados, preços aceleram.
Aston Martin DB5, 1964, quase E 1M
Passado – Nas 1000 Millas Sport, prova histórica realizada em torno de Bariloche, Argentina, presença insólita: dois da trinca de Torinos participantes do maior atrevimento cometido por fabricante da América do Sul, correr nas 84 Horas de Nurburgring em 1964, prova moedora de automóveis. Um deles teria ganho – deu o maior número de voltas.
Dupla – Um dos veículos é re creation. Foi feito por Oreste Berta, então jovem preparador da equipe argentina, em combinação com Humberto Pagani da fábrica de esportivos Zonta. Dividirão o volante. Os outros dois são os autênticos carros do desafio alemão. Outro exemplar posará para fotos mas ficará estático. É falso. Um intelectual presidindo a Renault, mandou pegar a primeira unidade e transformá-la esteticamente num competidor de Nurburgring.
Os Torino de volta aos brilhos 50 anos após as 84 Horas de Nurburgring
Gente – Klaus Mello, engenheiro na Ford Brasil, promoção. Liderará time mundial para acertar a mecânica da próxima geração dos picapes Ranger 2017. Na Austrália. Adriano Resende, experiente em marketing na Fiat, Nissan, Land Rover e Chrysler, promoção. Substituirá Edson Mazzucato na diretoria de marketing na Fiat. Pedreira. Mazzucato, ativo e estudioso, é de raros enganos em suas previsões numéricas quanto aos volumes de vendas no mapa do país. Maisa Salmi e Rodrigo Tramontina, jornalistas, profissionais da melhor qualidade, relacionamento e respeito no meio, deixaram a Peugeot. Readequação da estrutura funcional à realidade do mercado mundial. Entenda-se corte de postos de trabalho. edita@rnasser.com.br