Uma das mais tradicionais fabricantes de motocicletas do mundo, a americana Harley Davidson, conseguiu na Justiça uma liminar para rescindir o seu contrato com o revendedor brasileirol, a empresa HDSP Comércio de Veículos, pertencente ao Grupo Izzo. A liminar, publicada no último dia 12, as atuais concessionárias da marca, só podem revender os produtos por mais quatro meses. O Grupo Izzo afirmou que vai recorrer.
Segundo a ação judicial, um dos principais argumentos da Harley Davidson para pedir a quebra do contrato foi a suposta violação do acordo de exclusividade entre as partes. A HDSP teria vendido motos e produtos de marcas como Ducati, Benelli, Malaguti, Polaris e Husqvarna. No processo, os advogados da empresa americana citam cupons fiscais da compra de produtos de concorrentes em que constam o CNPJ da HDSP. O representante da Izzo que não existe esse conflito ou vendas de outras marcas por eles representadas, com CNPJ da HDSP.
Outra alegação da marca americana, diz respeito à “associação indevida da marca Harley Davidson às marcas de competidores”. Na ação, são apresentados cartões de visita das lojas do Izzo em que o emblema da Harley Davidson aparece ao lado do símbolo de concorrentes. A Harley Davidson também alega que houve uma alteração na estrutura societária da HDSP, com a entrada de duas novas empresas que possuem a autorização da Superintendência da Zona Franca de Manaus para montar uma fábrica de motos da marca Triumph – o que configuraria um caso de conflito de interesses. Mais uma vez, a Izzo rebateu as acusações, dizendo que a Harley Davidson estava a par e autorizou.
Por fim, a Harley Davidson baseia sua ação no suposto mau atendimento a clientes. A empresa cita que alguns consumidores chegam a esperar entre 30 e 60 dias pelo emplacamento de suas motos. O atraso seria resultado de um esquema ilegal em que a concessionária empenharia as motos já vendidas a bancos como garantia para empréstimos de fluxo de caixa. Em resposta, Izzo afirmou que o único modelo utilizado pela concessionária é o chamado “floor plan”. Segundo ele, trata-se de uma estratégia legal e comum entre concessionárias de veículos em que os bancos passam a financiar a revendedora com a fábrica.
No processo, a Harley Davidson cita, ainda, diversos blogs e comunidades na internet em que consumidores reclamam da qualidade do serviço prestado pela Izzo. Izzo nega qualquer uma das acusações. Inclusive ressalta que fomos premiados pela Harley Davidson por nosso desempenho há anos e em 2009, ganhamos prêmios globais da empresa de melhor design de loja, maior taxa de crescimento e excelência em serviço.
Para o Grupo Izzo, a explicação para a disputa judicial movida pela fabricante americana está na intenção da Harley Davidson em mudar seu modelo de atuação no Brasil, já que o contrato de exclusividade com o Grupo vai até 2015. Já a empresa norte americana diz que a ação judicial contra a concessionária, foi motivada apenas pelo desrespeito às regras contratuais.