Morre o tricampeão Niki Lauda

 

Uma das maiores lendas do automobilismo mundial, Niki Lauda, faleceu ontem (20.05.2019) aos 70 anos. Este sim, um professor. A vida de Lauda foi de superação das dificuldades e muitas vitórias.
Quando decidiu correr profissionalmente de automóvel se “separou” da família, donos um banco, e foi à luta. A partir dessa decisão, a família não lhe deu mais nenhum dinheiro. A alternativa foi pegar um empréstimo e pagar com os resultados das pistas. E logo se revelaria um gênio. Pagou tudo.
Com apenas 22 anos já estava na Fórmula Um. Perfeccionista, ele mesmo gostava de acertar e modificar seus carros.
Fechado, sempre com cara de bravo e longe da vida festeira da Fórmula Um da época, em 1975, aos 26 anos, sagrou-se campeão mundial. Era o primeiro dos três títulos.
No ano seguinte, sua maior dificuldade e a maior prova que nasceu para vencer. Um gravíssimo acidente na pista no GP da Alemanha, em Nurburgring, o deixou vários minutos envolto a chamas e muita fumaça.
Dado como morto pelos médicos chegou a receber a extrema-unção, mas reagiu. Determinado e muito teimoso Lauda passou por dezenas de sofridas sessões de limpeza respiratória. Os enfermeiros introduziam pela boca do piloto um tubo de ferro, que avançava pela garganta e esôfago até chegar aos pulmões, para sugar a fumaça ainda presa no órgão. Mais outras dezenas de cirurgias e enxertos deixariam marcas até os últimos dias.

 

Apenas seis semanas depois do acidente, para surpresa de todos, o austríaco já estava de volta para o GP da Itália. Com o rosto enfaixado e todo desfigurado, mas pronto para defender o campeonato que era líder quando se acidentou. Na ocasião, seu maior rival, James Hunt, aproveitou a sua ausência para fazer pontos e passar na frente.
No final daquele campeonato, perdeu o titulo por apenas um ponto. Na última prova, no Japão, debaixo de um temporal, desistiu da prova dando o titulo a Hunt. A história maravilhosa virou filme, Rush, lançado com muito sucesso em 2013.
Mas em 1977, Lauda conquistaria mais um título pela Ferrari. Em 1979, ainda sofrendo com o acidente, decidiu se aposentar e se dedicar a outra paixão: sua companhia aérea, a Air Lauda. A empresa passava muitas dificuldades financeiras e decidiu aceitar um convite da McLaren e voltar a Fórmula Um. E mais uma vez, marcou a história com o título de 1984. O austríaco foi campeão com apenas 0,5 ponto de vantagem sobre Alain Prost.
Nunca conseguiu se afastar da Formula Um. Como executivo passou pela Ferrari, Jaguar e por último, a Mercedes. Foi também comentarista de televisão.

Todos os finais de semana de corrida estava nos boxes da Mercedes, como presidente de honra da equipe, ajudando e orientando. Sempre de boné para esconder as marcas do acidente.
Mas os problemas de saúde nunca o deixaram. Passou por um transplante de pulmão e dois de rim. No último deles, há dez anos, ganhou o órgão da esposa, Birgit Wetzinger, antiga comissária de bordo de sua companhia aérea.
Nota da família:
“Com profunda tristeza, anunciamos que nosso amado Niki morreu pacificamente com sua família na segunda-feira, 20 de maio de 2019. Suas realizações únicas como atleta e empreendedor são e permanecerão inesquecíveis; seu incansável entusiasmo pela ação, sua franqueza e sua coragem permanecem um modelo e uma referência para todos nós. Era um marido amoroso e atencioso, pai e avô longe do público, que sentirá sua falta”, informou a família em um comunicado nesta segunda-feira.