Um fato inusitado foi registrado pela concessionária Stuttgart, em São Paulo. De uma só vez, as cinco únicas Porsches Carrera GT existentes no Brasil e avaliadas em quase 10 milhões de reais cada uma, foram fazer a revisão juntas. Entre 2005 e 2006, a Stuttgart (na época importadora oficial da Porsche no Brasil e que infelizmente deixou e própria marca passou a fazer a importação) trouxe para o Brasil quatro unidades. Alguns anos depois, quando o superesportivo não era mais fabricado, um felizardo importou, de maneira independente, uma unidade. As três unidades de 2005 e dois de 2006, último ano da produção do modelo, são as únicas que rodam no País.
Por recomendação da fábrica, a troca de óleo do Porsche Carrera GT deve ser feita anualmente. As revisões programadas são bianuais, independentemente da quilometragem percorrida. No Stuttgart Service | Body & Paint, o serviço padrão feito em todos os carros consistiu em alinhamento e balanceamento das rodas, mais trocas de óleo do motor, óleo do câmbio, filtro de óleo, filtro do ar condicionado, fluido de freio, palhetas dos limpadores de para-brisa e sensores de pressão dos pneus (instalados nas rodas). O frasco de líquido selante usado em caso de furo de pneu também foi substituído. Os pneus foram substituídos pelos novos Michelin Pilot Sport Cup 2, do tipo semi-slick, desenvolvidos especificamente para o Carrera GT. Esses pneus permitiram percorrer os 20,8 km do traçado norte do circuito de Nürburgring, na Alemanha, em 7min12s69 – um ganho de 16 segundos em relação aos pneus usados anteriormente. Por fim, foi executado um recall para troca dos braços de suspensão e das juntas esféricas de conexão aos eixos.
Outros serviços foram feitos especificamente em cada unidade. “Todos os Carrera GT chegaram à oficina em ótimas condições porque os proprietários sempre executaram as revisões programadas. Mas são carros fabricados e entregues há vinte anos ou quase isso, e alguns componentes se desgastam naturalmente pela ação do tempo”, explica Clóvis Gomes, mecânico-chefe do Stuttgart Service/Body & Paint. Um dos carros, por exemplo, teve trocado o reservatório do fluido de arrefecimento.
Supercarros como o Porsche Carrera GT possuem características muito particulares e serviços banais em outros automóveis só podem ser executados por mão de obra especializada e com uso de ferramentas exclusivas. É o caso da retirada dos painéis do assoalho, que possuem função aerodinâmica e vedam toda a parte de baixo do automóvel. “São seis peças removíveis e uma delas precisa ser removida por duas pessoas”, exemplifica Clóvis. Outro dado que mostra a complexidade do Carrera GT é que eles só podem ser erguidos no elevador depois de receber dois jogos de apoios específicos acoplados ao fundo do carro. A revisão de cada um demandou cerca de 12 horas de mão de obra e 115 serviços executados.
Apresentado em 2000 como carro-conceito, o Porsche Carrera GT teve seu modelo definitivo lançado em 2003 e foi fabricado entre 2004 e 2006. É um superesportivo dotado de motor V10 de 5.733 cm³ (desenvolvido a partir de um projeto da fábrica para a Fórmula 1) com 612 cv de potência e 590 Nm de torque, capaz de fazê-lo acelerar de 0 a 100 km/h em 3,6 segundos e chegar a 330 km/h. O câmbio é de seis marchas é manual e a presença de auxílios eletrônicos se limita aos freios com ABS e aos controles de tração e antiderrapagem. Foram produzidas 1.270 unidades.