Toyota aposta na contramão do setor

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A atual fase do mercado automotivo brasileiro, próxima de ser considerada a pior da história, tem servido de pano de fundo para a japonesa Toyota apostar suas fichas e seguir na contramão de todas as outras fabricantes. Desde 2012, o mercado de veículos caiu quase pela metade, saindo de um total de mais de 5 milhões de carros vendidos no ano para cerca de 2,6 milhões. E é, examente, este cenário que a Toyota escolheu para fortalecer o grupo no Brasil.

Instalada no País em 1958, a marca tem uma participação considerada discreta em comparação à posição que a empresa possui no mercado global de automóveis, atualmente, a de maior fabricante do mundo. No final do ano passado, ela figurava apenas na sétima posição no País, com 7,43% de participação de mercado.

Por conta disso, uma série de mudanças está em curso na operação da companhia no Brasil cujo foco está na preparação da empresa para o próximo período de bonança, que virá a partir de 2019, segundo o presidente da marca no Brasil, Koji Kondo. “O ano que vem pode apresentar evolução, mas ainda será difícil”, afirmou o executivo.

O lançamento do Etios no segmento de entrada, com valores mais baratos, foi, inicialmente, um passo em falso da fabricante, que corrigiu as falhas a partir da chegada do americano Steve Saint Angelo à presidencia da empresa na America Latina. O Etios, em particular, recebeu mais de 600 mudanças de componentes. O design externo continua praticamente igual, mas o carro ganhou um novo painel, totalmente digital, bancos mais confortáveis e câmbio automático, o que a marca considera importante, pois, a demanda por tecnologia está cada vez maior. Sem uma equipe local dedicada ao desenvolvimento de novidades, a Toyota acabava engessada. “Estávamos atrasados em relação aos nossos concorrentes”, disse Kondo. As coisas mudaram e a gora a Toyota conta com “uma equipe de 150 engenheiros locais e um centro de design” recém criado, de acordo com o executivo.  

“O objetivo, agora, é fazer carros cada vez mais brasileiros”, diz Kondo, que visa incomodar mais os líderes de mercado, como Fiat, Volkswagen e GM. “Nós costumávamos ter um volume pequeno no Brasil. Eu não me preocupo muito em estar no primeiro ou no segundo lugar, mas acredito que devemos competir em igualdade com as outras grandes montadoras”, completou.

Ao contrário das rivais japonesas Nissan e Honda, mantém sua produção em casa, trzendo cerca de três milhões de veículos do Japão. A marca se beneficiou disso com a baixa do iene em relação ao dólar em 2015, no entanto o aumento de 19% da moeda de janeiro até aqui preocupa a industria japonesa. Por isso, essa a chance dos brasileiros ganharem ainda mais relevância. “Vamos tornar o Brasil competitivo não só no mercado global, mas também frente às outras divisões do grupo”, diz Kondo, que se preocupa com a produção de outros fortes mercados. “Temos de pensar em como manter sustentável a indústria brasileira frente à competição da China, de toda a Ásia e, também, dos Estados Unidos”, afirmou. Unir a disciplina japonesa com a criatividade brasileira é, na visão da Toyota, um excelente caminho.