Mercedes Benz C 63 AMG: não é para dirigir, e sim pilotar

Lançado em setembro de 2008 no Salão de Frankfurt, o Mercedes Benz C 63 AMG logo se tornou um sucesso entre os admiradores de carros esportivos. Na sua quarta geração, o C AMG (vale destacar que a AMG é uma empresa adquirida pelo grupo Daimler-Mercedes Benz, para desenvolver e preparar os seus carros de corrida ou modelos especiais, como é o caso)  e está longe do modelo inicial da linha, que começou em 1997 com motor seis cilindros e 280 cavalos. Hoje, este carro maravilhoso tem motor V8 e desenvolve 457 cavalos de potência máxima. Ou seja, se tivesse asas voava mole-mole.

É um sonho sobre rodas. Durante anos nessa categoria o bicho papão era o fabuloso BMW M3, que como este é um carro de corridas que permite andar nas ruas. Porém este novo lançamento, pela primeira vez, deixa a BMW M3 bem para trás. Tanto em agressividade no design, como nos equipamentos e principalmente na motorização. O Audi RS4 então não entra nem na briga, que é de gente grande.

O modelo de longe é ou quer ser discreto. Com um design especial, o Mercedes Benz C63 AMG tem uma frente agressiva, com para-choques com linhas que remetem aos modelos top, como a Mercedes Benz  SLR McLaren e as asas do Formula Um. As\entradas de ar para os radiadores de óleo, e água do motor e transmissão são enormes. O capô conta com duas enormes saliências longitudinais e os para-lamas são bem mais salientes, afinal têm que “revestir” os gigantescos pneus 235/40-18 na frente e 255/35-18 na traseira, calçados em rodas de 18 polegadas. Atrás, um difusor de ar e quatro saídas de escapamento enormes.

Por dentro, um acabamento primoroso. O material utilizado é, simplesmente, um show à parte. Os bancos são concha mesmo, que inclusive, obrigam o piloto a escorregar para se acomodar neles. Tudo está à mão e tem tecnologia para dar e, não vender nem emprestar, mas para utilizar. Afinal, tudo ali é necessário para dirigir este carro maravilhoso. Quatro passageiros vão excelentemente bem acomodados e com espaço muito bom. Porém, não vá querer um conforto de carro comum, mesmo se tratando de uma Mercedes Benz. Para isso a própria Classe C tem modelos mais adequados.

Este carro é para ser pilotado, desfrutado e causar verdadeiros orgasmos. Por sua suspensão de digna de um carro de competição, todas as irregularidades do solo são sentidas. Ainda bem, pois faz com que o piloto tenha sempre o carro na mão e noção de onde está “pisando”. O volante com borboletas para a troca das marchas,  tem excelente pega e é achatado abaixo para facilitar a entrada das pernas do piloto.

O painel de instrumentos é bonito e completo, mas poderia ser mais esportivo e o computador de bordo, mais fácil e rápido de ser utilizado. Poderia ter um botão para dar o start no motor e não na chave como os demais modelos. Mas isso é perfumaria, perto de tudo o que este carro oferece.

Debaixo do capô um deslumbre, uma verdadeira obra prima da engenharia: um V8 de 6,3 litros com 457 cavalos de potência máxima a 6.800 rpm e torque de (ahahah) 61,2 m.kgf a 5.000 rpm. A usina de força possui  coletor de admissão variável e variador de tempo de abertura das válvulas.  O modelo atinge a velocidade máxima de 250 km/h, conforme acordo da fabricantes alemãs e que neste carro é uma verdadeira estupidez, pois é um carro para poucos e que, normalmente têm “braço” para o pilotar. Sem esse débil limitador, este carro passaria fácil dos 300 quilometros por hora. De 0 a 100 km/h ele necessita só de 4,5 segundos.

Para conjugar com o motor a Mercedes Benz equipa o C63 AMG com uma caixa de velocidades AMG Speed G-Tronic com sete marchas. Este câmbio é uma evolução esportiva do 7G que equipa mais alguns carros da marca alemã. Faz falta, neste caso, o câmbio com alavanca manual?  Faz e não faz. Até é mais esportivo, mas a eficiência é maior neste modelo, que pode, ser o seu alvo, em alguns momentos, proporcionar conforto do câmbio automático.

Com três opções o AMG Speed G-Tronic  tem na verdade “três” câmbios: conforto, esportivo e manual. Nas duas ultimas versões, as trocas mais ligeiras, ou seja, com tendência mais esportiva e na ultima, com troca absolutamente, manual.  Em todas as versões, as trocas atendem com méritos os desejos do piloto. Mas o momento mais sublime deste carro é acionar o motor: chave para o lado direito e de repente, um ronco que você só vêm em carros de corrida e motores especiais V8. PQP, o que é isso? Vale ligar e desligar quantas vezes você tenha tempo. É de ficar embriagado com a “musica”.

Marcha engatada e acelerador nele. “Eita, que grosseria, que estupidez”. Simplesmente o carro joga os ocupantes contra o banco e desaba a comer asfalto. Boa parte dos carros de corrida, que disputas corridas em nossos autódromos não chegam aos pés deste super carro. Que coisa fantástica. Curvas pra cá, curvas pra lá, e o C63 AMG vai destroçando o que encontra pela frente, proporcionando uma confiança monumental ao piloto. O trabalho da AMG “rebaixa” o modelo em relação aos demais modelos Classe C e aumenta as bitolas dianteira e traseira.

A estabilidade é excelente, em que aquela máxima vale muito: está em preso a trilhos. Sabe o que parece, que você está pilotando um carro num autorama, ou seja, ele está preso num trilho e você pode sentar a bota. Pode até ameaçar “dar” a traseira, mas logo a eletrônica (o ESP – com três estágios) aparece para concertar a imbecilidade que você cometeu e se ela não estivesse lá daria mais trabalho ao piloto, ou até, daria besteira da grossa.  Tudo isso acompanhado de uma musica da melhor qualidade que é oferecida pelo V oitão.

Tenho a absoluta certeza que Mozart, Strauss, Bach, Antonio Carlos Jobim, etc., estivessem vivos eles teriam um carro desses para ao som deste motor, comporem suas melodias geniais. Neste carro parece que a AMG encontro quase a perfeição, entre um carro de corrida de pista e um carro de corrida que tem a autorização que transitar nas ruas. Não só transitar, mas matar de inveja qualquer ser humano com o mínimo de bom senso.

Com ABS os freios a disco a disco ventilados de tamanho consideráveis param o carro em espaços curtos e sem qualquer susto. Quando muito exigidos até cheiram a “queimado”, mas não perdem a eficiência. Graças a Deus, senão não estaria aqui escrevendo isto. Uma conclusão sensata, sem colocar a emoção acima da razão, é até difícil, porém, um coisa é certo: a Mercedes Benz tem outros modelos maiores, tipo Classe E, S. ML, CLK, CLS, etc., todos fantásticos, geniais,  mas nenhum é tão equilibrado, tão no tamanho certo, acertos perfeitos, tão emocionante quanto o C 63 AMG.

Digo isso com a experiência de já ter dirigido vários carros de competição, e que muitos não me emocionaram, não me deram tanto prazer como este modelo. Se você gosta de carros de verdade e tem condições de pagar R$ 409 mil (US$195 mil), corra até à concessionária mais próxima e vá ser feliz de verdade.