Coluna Histórias & Estórias – Sequestramos o Fiat 500

Foi muito divertido, mas muito mesmo! Junto com meu amigo Antônio Fraga, e muitos outros jornalistas do setor, fomos ao lançamento, inesquecível, em 2007, da então nova versão do Fiat 500, em Turim, na Itália. Uma festa para comemorar os 50 anos do modelo lançado, em 1957.

A festa de lançamento, inspirada na obra de Fellini, foi dentro do rio Pó, onde uma Anita Ekberg (que foi Sylvia, em A Doce Vida, obra prima de Federico Fellini), com seu vestido de veludo sem alças atraia Marcello Mastroianni (Marcello Rubini) para dentro da Fontana de Trevi. A cena do filme foi refeita com um enorme vestido, com cerca de 5 metros de altura, tendo na altura do busto, uma modelo, loira como Anita. Tudo montado sobre um barco que fazia evoluções pelo Pó, junto com outras personagens Fellinianos.

No dia seguinte, o grande momento: teste do 500. Fomos ao estádio do Turim, de onde sairíamos para o percurso de aproximadamente uma hora. Eu e o Fraga pegamos o mesmo carro, cuja cor não lembro. Ele fez o primeiro trecho, logo na primeira curva para a direita, em comum acordo, resolvemos virar para a direita e lá fomos nós, por um trajeto totalmente desconhecido.

E foi algo inesquecível. Rodamos mais de um tanque, tanto que tivemos que reabastecer o “Ciqüecento”. Mas o que vivemos foi algo que prova o fanatismo dos italianos e dos apaixonados pelo carrinho da Fiat.

Acontece que a marca convidou os proprietários do antigo 500, produzido de 1957 a 1975, de toda a Europa, para irem a Turim para o relançamento do “picolino”. E todo mundo atendeu ao convite. Lá foram carros da Alemanha, França, Espanha, Suiça e, claro de toda Itália. Houve quem dissesse ter vistos carros até da Rússia. Eram tantos que a prefeitura de Turim viu-se obrigada a autorizar estacionamento livre por toda a cidade, incluindo calçadas das ruas.

Fraga e eu pegamos algumas rodovias e, nelas, éramos literalmente “fechados” por motoristas de outros 500 que queriam ver o carro de perto, entrar nele. Claro que, gentilmente, deixávamos que eles entrassem no “nosso” carro. Mas, não hora da reciprocidade, quando pedíamos para dirigir o carro deles, a resposta “não” era a ouvida de todos.

Quando bateu mais de duas horas de teste, resolvemos voltar para o estádio. Foi bem difícil, porque, sem os recursos atuais, como wase etc, tínhamos que usar o “per favore, como arriviamo allo stadio?” (agradecido ao professor Vietti, das minhas aulas de Latim).

Foi difícil, mas chegamos quando parte das luzes do estádio estavam sendo desligadas, e o pessoal da Fiat preparando-se para fechar o “circo” e avisar a Polizia Stradale” pela nosso desaparecimento.

Ouvimos algumas “broncas e reclamações”, mas tudo acabou em pizza, com risos e abraços. E, claro,

nossos elogios ao carro e os encontros com os fanáticos e ciumentos donos do “Cinqüecento” antigos.