Santos Dumont importou o primeiro automóvel do Brasil

No último dia 20 de julho, o genial Santos Dumont comemoraria 150 anos do seu nascimento. Muito à frente do seu tempo, Santos Dumont foi realmente o pai da aviação e um criador de inventos. Em 1898, criou o primeiro dirigível da história. Com 25 metros de comprimento, era movido à gasolina.

Anos depois, pediu a Louis Cartier que desenvolvesse o relógio de pulso, com o objetivo de controlar o tempo dos seus voos. O brasileiro também criou o chuveiro de água quente a partir de um balde e o primeiro ultraleve, o Demoiselle, em 1907.

Porém, a maior invenção foi o 14 Bis. Com 10 metros de comprimento, 4 metros de altura, 12 metros de envergadura e 205 quilos, o 14-Bis impressionou quando em 1906 realizou o primeiro voo em Paris.

Em 23 de julho de 1932, aos 56 anos, Dumont se suicidou com esclerose múltipla e depressão.

Automóvel

Por ser usuário de automóveis na Europa, onde passava o seu maior tempo, foi responsável por trazer o primeiro veículo movido à combustão para o Brasil. Na época, os veículos da Peugeot e Citroën eram a sensação. E foi um Peugeot Type 3 Vis-à-Vis que ele importou.

“Minha experiência de automobilista serviu muito para as minhas aeronaves”, diz Alberto Santos Dumont na autobiografia “Os Meus Balões”. É nesse livro que o aviador conta seus sonhos e aventuras na terra e no ar.

A saga da marca Peugeot no mundo da mobilidade carrega mais de 150 anos. No Brasil, apesar de ter recentemente completado 30 anos de atuação oficial no setor automotivo, há registros bem mais antigos – a começar pelas bicicletas da empresa, que se tornaram famosas por aqui logo após o lançamento na Europa, no fim do século XIX.

Mas o assombro desembarcou sobre quatro rodas em 1891, quando Santos Dumont, então com 18 anos, viajou com a família para a França. Foi lá que conheceu as primeiras criações de Armand Peugeot (1849-1915.

“Os automóveis eram ainda raros em Paris em 1891. Tive de ir à fábrica de Valentigney para comprar minha primeira máquina, um Peugeot de estrada de três e meio cavalos de força”, conta o pai da aviação em seu livro.

O carro importado, um Peugeot Type 3 Vis-à-Vis, teve apenas 64 unidades produzidas entre 1891 e 1894.

“Era uma curiosidade. Nesse tempo não existia ainda nem licença de automóvel nem exame de motorista. Quando alguém dirigia a nova invenção pelas ruas da capital, era por sua própria conta e risco”, relata Santos Dumont sobre suas primeiras voltas de carro pela França.

A família do então jovem aviador foi uma das primeiras a receber o automóvel francês em novembro de 1891, vindo de navio e desembarcado no Porto de Santos, o que comprovava o prestígio daqueles que, na época, figuravam entre os maiores produtores de café do Brasil.

Conhecido na França como Voiturette, o Type 3 era movido à gasolina e tinha 3,5 cavalos de potência máxima. Essa configuração permitia ao carro alcançar os 18 km/h de velocidade máxima.

Depois do Type 3, Santos Dumont importou o Phaeton Type 15, datado de 1897. O modelo não possuía volante, apenas uma alavanca para virar à direita e à esquerda. Para garantir a combustão dentro do motor, possuía duas barras de metal na traseira que eram aquecidas até ficarem incandescentes.

“Daí em diante, tornei-me adepto fervoroso do automóvel. Entretive-me a estudar os seus diversos órgãos e a ação de cada um. Aprendi a tratar e consertar a máquina”, diz Santos Dumont em sua autobiografia.