Como nos iremos locomover no futuro?
Até o final da década de 80, acreditava-se que na virada do milênio estaríamos em veículos voadores, em cidades espaciais, etc. Acreditava-se até que seria o fim do mundo, algo que também se creditava quando acabasse o petróleo. Porém, ao que tudo indica, não é bem assim.
Já existem alternativas para o fim do petróleo, mas também vai aumentando o prazo das reservas, com novas descobertas. Uma coisa é certa: o flex fuel é uma alternativa para o atual momento, onde mais que uma alternativa de combustível, é uma maneira de o consumidor poder exercer a sua vontade de escolha, muito mais econômica e uma saída para poluir um pouco menos.
No futuro duas alternativas se mostram viáveis a longo, muito longo prazo: motores elétricos com boa autonomia e motores a hidrogênio. Daqui a pouco, mais de dez anos, pelo menos 10% dos veículos novos mundiais serão movidos a baterias elétricas. E, para 2025, um terço da frota mundial, será movida a motores elétricos. No próximo ano, o mercado brasileiro já terá á disposição carros elétricos para serem vendidos. Qual a viabilidade? Tudo vai depender da autonomia, já que vivemos numa sociedade habituada a se locomover em grandes distancias e do preço final.
Afinal o flex só deu certo por aqui, porque dói mais ou menos no bolso. Não porque polui menos ou mais. É bolso. Mesmo porque é que existe o flex? Pura demagogia, pois na realidade é pura ilusão, já que o carro flex é uma aberração da engenharia.
A tecnologia permitiu “enganar” a taxa de compressão e num meio termo funcionar a gasolina ou álcool. Porque enganação? Porque o motor a gasolina que tinha a vantagem de ser econômico, deixou de ser com o flex e o a álcool que era bom de desempenho e deixava o motor mais limpo e polua menos, também deixou de o ser. Então você tem um frankstein. Ruim pra todos os lados, mas dá para o consumidor pressionar os produtores de cada um dos combustíveis. Lógico que foi uma evolução da engenharia, mas não uma solução inteligente. Apenas econômica, já que o consumidor calcula 70% e logo faz sua escolha econômica. E só, sem falsidade. Você pode ate ser enganado ou se enganar, mas essa é a verdade.
No passado, numa das várias visões de futuro que o engenheiro Amaral Gurgel, dono da Gurgel Automóveis, colocou em testes um modelo produzido em sua fábrica, a única com produção de maior escala, totalmente nacional, movido a energia elétrica. O Gurgel Itaipu era muito mais um conceito, mas hoje, poderia ser realidade. Assim como outros, a autonomia era insignificante. Havia até uma piadinha, copia de uma que era contada por um engenheiro carioca da INEE, que a autonomia dos carros elétricos era do tamanho do fio elétrico ligado na parede.
Hoje três caminhos são discutidos: o simplesmente a baterias recarregáveis, que o consumidor liga em qualquer tomada e a autonomia é curta; a baterias que ao termino, basta passar num posto e trocar as baterias “vazias” por carregadas. O custo deve ser elevado, mas tem a vantagem que o custo virá na fatura do cartão; e por fim, os carros movidos a baterias e ao termino delas, motores a combustão, de baixíssima cilindrada entrariam em ação aumentando a autonomia. São os populares híbridos, já disponíveis no mercado, tanto na Europa como nos EUA. Este ultimo, pelo menos, em médio prazo, parece o mais viável.
Mas e vale uma pergunta? No futuro, pelo menos o que todos falam, vamos ter problemas com a produção de energia elétrica. Certo? Ainda vamos ligar na tomada toda a frota mundial de veículos em tomadas caseiras. Vale lembrar que cada carro sendo carregado em tomadas elétricas em casa, consome por mês o mesmo que toda uma casa durante o mesmo mês. Ou seja: o consumo de cada residência com apenas um carro, vai dobrar. E onde vão arrumar tanta energia? Não tem para a população, mas tem para os meios de locomoção? E veículos de locomoção em massa, tipo ônibus e vans?
Realidade
No Brasil, com o incentivo da Itaipu Binacional, a maior geradora de energia do mundo, vários fabricantes de veículos estão desenvolvendo veículos. Mais uma vez, a pioneira foi a Gurgel, com o Itaipu. A Fiat apresentou a perua Palio Weekend e o Palio movidos a energia elétrica. Em parceria com a gigante brasileira da energia elétrica a Fiat Automóveis já colocou para rodar diversos veículos com capacidade de entrarem em operação imediatamente. Ou seja, projetos lógicos, coerentes, que buscam desenvolvimento de soluções praticas e politicamente corretas e em parcerias com algumas empresas energéticas.
A família elétrica Palio está em pleno funcionamento na Usina Binacional de Itaipu. (veja Box)Não podemos esquecer que a marca italiana já tem no mercado em carro que funciona realmente com quatro combustíveis: gasolina brasileira, com vinte por cento de álcool, gasolina pura, como a argentina, álcool e GLP- Gas Liqueifeito de Petroleo. Único no mundo é um avanço da tecnologia.
A Edra, uma marca nacional de carros destinados ao todo-o-terreno, e que já está em fase de homologação, vai mostrar em Campinas no próximo mês, um furgão para duas pessoas, que tem capacidade de circular por até 120 quilômetros e carrega até 300 quilos. O desenvolvimento é em parceria com a CPFL – Companhia Paulista de Força e Luz. Futuramente este veiculo pode gerar outras extensões, como por exemplo, um carro familiar. Obviamente, que além da preocupação com o planeta, há, e deve, o fator de um aumento do faturamento pelo maior consumo de energia.
Na Europa, a Renault-Nissan estão muito empenhadas em desenvolver esses tipos de veículos, tanto que destinaram quatro bilhões de euros (quase 12 bilhões de reais) para desenvolvimento de tecnologias futuristas. E Portugal foi escolhido para testar imediatamente essa nova realidade. Numa parceria entre o governo português, a Renault-Nissan, a Galp (uma das empresa distribuidoras de combustíveis daquele País) e a EDP (Energias de Portugal), vão instalar mil pontos de recarregamento em diversos pontos do País até o final de 2010. Com uma frota circulante de quatro milhões de veículos, será o teste necessário para implementação em países com maior frota. Diversas marcas de veículos que já produzem carros elétricos já anunciaram o inicio da comercialização desses veículos e até 2020, mais de 200 mil carros movidos a baterias deverão ser comercializados em todo o País. Porém, vale destacar que, pelo menos para nós, a realidade é bem diferente. Portugal é um pais com dimensões muito menores que o Brasil, assim como as distancias percorridas. Pesquisas mostram que 80% da população portuguesa fazem distancias atendidas por diversos fabricantes, mesmo sendo ainda pequenas.
Produtos
Como realidade mais concreta, diversos fabricantes se apressam em lançar produtos principalmente híbridos. A primeira marca a apresentar um modelo que realmente era hibrido, foi a Toyota com o Prius. Ao preço de US$ 24 mil, a marca japonesa já vendeu 1,200 milhão nos Estados Unidos.
É a consciência americana para salvar o planeta? Nada disso, boa parte são pessoas que demagogicamente querem aparecer na mídia, como politicamente corretas, defensores das causas ecológicas, dos bichinhos em extinção, da camada de ozônio, etc. O modelo virou símbolo de pessoas antenadas e preocupadas com o futuro do planeta. Agora, é a vez do Honda Insight, com tecnologia muito próxima ao seu arqui rival Prius e que é o carro mais vendido no Japão.
São carros com dois motores, a combustão e baterias e que têm suas baterias carregadas a cada pisada nos freios ou por motores a combustão. A fricção dos freios geram energia e carregam as baterias. Eles têm as baterias carregadas pelos motores a combustão, mas, assim com o jeitinho brasileiro, já têm “mecânicos” fazendo gambiarras e carregando eles nas tomadas. Hoje, o Ford Fusion Hybrid, carro médio nos EUA (e grande por aqui – coisa que só os navios que desembarcam por aqui conseguem fazer), é o carro com menor consumo por lá. E q1ue tanto lá como aqui, tem um dos melhores custos benefícios do mercado americano, mexicano e brasileiro.
A General Motors também tem o seu: o Volt, um dos mais atraentes e modernos. O mais próximo da realidade mundial a curto prazo. Tem baterias que o transportam por até 65 quilômetros, e depois entra em funcionamento um gerador elétrico, obviamente movido a gasolina, que garante para as baterias autonomia por mais 483 quilômetros. Preço: US$ 40 mil.
Uma das melhores propostas dos últimos tempos, ou quase, foi apresentada por um israelense, com um nome esquisito e difícil de pronunciar para nós, Shai Agassi, que apresentou o projeto Melhor Lugar (Better Place. Com sede na Califórnia, o idéia é o consumidor comprar um carro a baterias e serem criada uma rede que, além da venda de carros, troque a bateria quando esta estiver quase esgotada, em apenas 70 segundos, num dos postos da marca. No fim do mês chega a fatura das trocas. Bacana, né? Agora imagine isso no Brasil, com seis mil cidades.
A Porsche vai começar a produzir no meio deste ano, o utilitário esportivo Cayenne hibrido, que custará R$ 590 mil, ou seja, mais do dobro do modelo normal. A Mercedes Benz já a lançou o modelo top de linha, o S Hibrido, que começa a comercializar em 2010. O primeiro esportivo deverá ser o Audi R8 E-Tron, que deve desembarcar comercialmente em 2013 e terá somente energia gerada por baterias. Deve atingir a máxima de 200 quilômetros por hora e acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 4,8 segundos.
Uma coisa é certa, em curto prazo, todos nós vamos ter que nos submeter a combustíveis ou soluções alternativas. E a próxima será um hibrido e após um elétrico. Se for por um futuro melhor…